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domingo, 9 de fevereiro de 2014

Teixeira dos Santos duvida que Europa atenue meta do défice de 0,5% em 2017

“Os funcionários públicos são os menos culpados do défice da CGA”, diz Teixeira dos Santos RUIGAUDÊNCIO

LUSA 08/02/2014 - 15:52

Reduzir a dívida de quase 130% para 60% do PIB em 20 anos é “no mínimo difícil”, diz ex-ministro das Finanças

O ex-ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, diz ter dúvidas sobre se a Europa vai “ajudar” Portugal a “atenuar” o “défice em termos estruturais” para que se cumpra o objectivo dos 0,5% face ao PIB em 2017.

“Temos de atingir num médio prazo um défice que em termos estruturais não pode ser superior a 0,5% do PIB [Produto Interno Bruto]. E o documento de estratégia orçamental do Governo aponta que atinjamos esse objectivo em 2017. O défice este ano vai ser de 4%. Temos de passar de 2014 para 2017 de 4% para 0,5%. Será que a Europa vai atenuar isto? Eu acho que é um erro pensarmos que sim”, disse Teixeira dos Santos.

Estas declarações foram feitas no decorrer do debate Consolidação Orçamental e Crescimento Económico, promovido pela Academia para o Debate e Formação Política da Distrital PS Porto, onde o ex-ministro do Governo socialista de José Sócrates participou na manhã deste sábado.

Teixeira dos Santos considerou que, “de facto, a dívida pública é um grande problema”, mas lembrou que “a dívida pública corresponde a um terço [da dívida portuguesa], o que significa que a privada é de dois terços”. “O problema da dívida em Portugal é um problema sério. E Portugal destaca-se de outros Governos europeus por esta dívida pública e privada e o desafio que temos pela frente é o de alguma contenção no sector público, mas também privado”, defendeu o ex-ministro das Finanças.

Segundo Teixeira dos Santos, tendo em conta o “reforço do pacto de estabilidade”, Portugal vai ter de “reduzir em 20 anos a dívida pública de quase 130% para 60%”, o que o ex-ministro considerou “no mínimo difícil”.

“Ora bem, as correcções que a troika fez na última avaliação — não na décima, mas oitava ou nona — apontam que em 2030 a nossa dívida ainda estará nos 100% ou 90%. E 20 anos é até 2034. Eu não acredito que entre 2013 e 2034 se recupere o resto”, referiu.

Neste debate, o ex-ministro do Governo socialista aproveitou para falar da Caixa Geral de Aposentações (CGA), reiterando que defende “a convergência dos regimes de pensões entre público e privado”, mas procurando desmistificar a ideia de que a culpa da dívida desta estrutura é da função pública e, por outro lado, procurando responsabilizar mais o Estado.

“Atenção, os funcionários públicos são os menos culpados do défice da CGA. Porque os funcionários públicos contribuíram para a CGA, e nós ao fecharmos as contribuições para a CGA, fechamos as contribuições para a CGA. A receita está a diminuir porque se fechou a CGA. As pessoas estão a sair e não entram novas. A receita diminui e a despesa aumenta. O Estado tem de assumir as responsabilidades financeiras que esta decisão implica”, concluiu.


O ciclo de debates da Academia para o Debate e Formação Política da Distrital PS Porto prossegue sábado, dia 15 de Fevereiro, pelas 10 horas, sobre o tema Habitação, transportes e espaços (de) pobres (de) ricos, com o geógrafo José Rio Fernandes, o presidente da Câmara Municipal de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues e o vereador da autarquia do Porto, Manuel Pizarro.

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