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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Martin Schulz: o milagre que não aconteceu

TERESA DE SOUSA
24 de setembro de 2017, 6:42
Martin Schulz

Saiu do Parlamento Europeu para enfrentar a chanceler e ficou sem espaço para respirar. O velho partido de Willy Brand vai ter de fazer a sua introspecção.

Na última semana de campanha, quando já tudo parecia perdido, Martin Schulz, deu uma entrevista à Spiegel tentando explicar o que correu mal. 
Soava a último queixume do homem que deixou a presidência do Parlamento Europeu para se candidatar contra Angela Merkel. 
Em Janeiro deste ano, quando a chanceler parecia, pela primeira vez, vulnerável, Schulz decidiu sair do conforto de Bruxelas para liderar o combate contra a chanceler. 
Jogou a cartada do outsider.

Esteve 23 anos no Parlamento Europeu, onde, durante a crise do euro, foi a face simpática e solidária da Alemanha. 
Levava consigo o mérito de ter dado visibilidade a uma instituição que viu os seus poderes reforçados no Tratado de Lisboa. 
Viveu a crise sem ter de prestar contas aos alemães. 
“Nunca fui um apoiante destas medidas de austeridade. 
Equilibrar o orçamento, reduzir a dívida pública é necessário, mas se não tivermos crescimento económico e emprego (…), nunca conseguiremos corrigir o défice no longo prazo”, disse em 2016, numa entrevista à Euronews. 
Várias vezes lembrou que os 80 milhões de alemães não são nada perante os mais de mil milhões de chineses.

Viu uma oportunidade na súbita quebra de popularidade da chanceler. 
Afastou Sigmar Gabriel, o ministro da Economia e, agora, dos Negócios Estrangeiros da “grande coligação”. 
Foi eleito candidato por uma maioria esmagadora. 
O milagre parecia estar a acontecer. 
As sondagens colocavam o SPD taco a taco com a CDU, coisa que não acontecia há muitos anos. 
Uma onda de entusiasmo varreu a campanha. 
O “enguiço” de 2005, quando o chanceler Gerhard Schröeder perdeu as eleições para Merkel por uma pequena margem, parecia finalmente quebrado. 
O SPD tinha pago um preço elevado pelas reformas de Schröeder para abanar a economia alemã, que se arrastava penosamente. 
Os sociais-democratas acusavam-no de ter alienado o apoio dos poderosos sindicatos alemães.

teresa.de.sousa@publico.pt

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