ANGOLA
24.05.2012
A DW África falou com o presidente da UNITA, o maior partido da oposição angolana, sobre a reconciliação entre o Estado e as vítimas do 27 de maio de 1977. Segundo Isaías Samakuva, ainda há muito caminho a percorrer.
Isaias Samakuva é o líder da UNITA, o maior partido da oposiSo em Angola
DW África: O que é que pensa sobre esta data memorável para os angolanos, uma data em que muitas pessoas foram mortas?
Isaías Samakuva (IS): Infelizmente a história de Angola tem muitas datas tristes.
Mas temos que aceitar que a nossa história é feita precisamente dessas datas.
O 27 de maio de 1977 foi um dia em que milhares de angolanos quiseram manifestar o seu desagrado pela situação que o país vivia na altura.
Infelizmente esses compatriotas, esses manifestantes, foram massacrados bárbaramente e muitos morreram.
DW África: O que sabe sobre o número de vítimas?
IS: Os números são contraditórios.
Alguns falam de dezenas de milhar de mortos, outros falam mesmo de centenas de milhar. De qualquer das maneiras morreram muitos angolanos e, por isso, o 27 de maio de 1977 é uma data que deve ser relembrada.
Creio que este ano os militantes das causas do 27 de maio estarão mais uma vez a lembrar não só os massacres, como também as causas que quiseram defender naquela altura.
DW África: Não acha que chegou o momento de todos os angolanos se reconciliarem e esquecerem as divisões do passado?
O líder da UNITA disponibilizou-se a comentar o "27 de maio", um conflito "interno" no seio do MPLA
IS: Nós andamos há anos a falar do processo de reconciliação nacional, mas o processo de reconciliação, a que estamos a assistir, ainda não terá atingido os seus objetivos.
Em vez de se materializar o processo de reconciliação nacional, o que está a acontecer é um agravamento daquilo que se passou.
É notória a vontade de reconciliação dos sobreviventes do 27 de maio.
Eles querem virar a página.
Mas infelizmente isso não tem acontecido.
Eu conheço muitas famílias que continuam à procura de certidões de óbito dos seus familiares mortos no 27 de maio.
Ora isso dificulta o processo de reconciliação.
Para nós seria desejável que esse e outros aspetos fossem resolidos.
Autor: Manuel Vieira (Luanda)
Edição: António Cascais / António Rocha
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