Powered By Blogger

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

NTM foi dissolvida este ano com um milhão de euros de dívidas

FUNDOS EUROPEUS
NTM foi dissolvida este ano com um milhão de euros de dívidas
José Pedro-Aguiar-Branco ainda era presidente da assembleia geral da empresa de Agostinho Branquinho quando entrou para o Governo
Criada a partir de duas ou­tras sociedades cujas quotas eram detidas exclusivamen­te por Agostinho Branquinho e pela primeira mulher, a NTM foi transformada em sociedade anónima em2003.
O registo da transformação foi efectuado no dia 27 de Março desse ano - precisamente no dia seguinte ao da celebração do contrato de adjudica­ção da campanha do Floral à empre­sa. Contrato esse que foi vital para a NTM, numa altura em que, segundo várias fontes, se começava a assistir a um recuo do mercado.
Em resultado da transformação em sociedade anónima, Branquinho ficou como presidente do conselho de administração e o advogado José Pedro Aguiar-Branco, agora ministro da Defesa, como presidente da as­sembleia geral - lugar que ocupava em muitas outras empresas.
Menos de três meses depois, em meados de Junho, quando a cam­panha do Foral estava a arrancar, Branquinho anunciou a venda da sociedade e a sua saída da adminis­tração, dizendo que a empresa tinha sido comprada por um fundo de in­vestimento espanhol e que ele ficara apenas com 100 acções.
A administração passou a ser assegurada por um profissional de publicidade até aí alheio à NTM, manten­do-se Aguiar-Branco na assembleia geral e passando o lugar de vogal da administração a ser ocupado por uma advogada do seu escritório, Maria de Deus Botelho.
A representação dos novos accionistas, que todos os antigos funcio­nários da empresa com quem o PÚ­BLICO falou dizem nunca ter visto nem sabido quem eram, passou a ser também assegurada pelo escritório de Aguiar-Branco. «Os assuntos ad­ministrativos e jurídicos eram todos tratados nesse escritório», diz um de­les. Branquinho, segundo as mesmas fontes, apesar de formalmente afas­tado, continuou porém a agir como um «facilitador de negócios» e a ter uma forte ligação à empresa.
A cadeira de administradora ocupada por Maria de Deus Botelho transitou aliás, em2006, para a jovem brasileira de 28 anos, Bianca Barboza, que Branquinho tinha admitido na empresa em 2001 e com a qual se veio a casar em 2010. A saída de Ma­ria de Deus Botelho não significou, porém, o corte com a sociedade de Aguiar-Branco. Este foi substituído na assembleia gerai por um outro ad­vogado do seu escritório, Francisco Pimentel, mas logo no ano seguinte, em 2007, ao actual ministro voltou a esse cargo.
Pouco depois, a NTM começou a entrar em grandes dificuldades, pas­sando a sua administração, no final do ano, a ser presidida por Joaquim Teixeira, um empresário ligado aos negócios da saúde e amigo de Bran­quinho desde os anos 70 - quando ambos eram funcionários adminis­trativos no Hospital de Vila Nova de Gaia. As dívidas acumularam-se entretanto, ultrapassando um mi­lhão de euros quando o tribunal do comércio declarou a empresa insol­vente em meados do ano passado, acabando por determinar a sua liqui­dação em Julho deste ano.

Credor diz que tentou receber o dinheiro junto de Branquinho, em 2008, mas teve de levar a empresa para tribunal

Em Junho de 2011, precisamente no dia em que o actual Governo to­mou posse, Aguiar-Branco renunciou ao cargo que desempenhava, comunicando a sua saída ao fiscal único da empresa, o revisor oficial de contas Virgílio Macedo, deputado e presi­dente da distrital do Porto do PSD.
O PÚBLICO perguntou a Aguiar-Branco quem eram os accionistas da NTM, mas este respondeu que sendo a empresa uma sociedade anónima a pergunta «deverá ser respondida peia própria sociedade». Joaquim Teixeira, o seu último presidente, recusou-se a fazer qualquer declaração.

Um dos credores da empresa, José Carvalho, sócio da Gráfica Vilar do Pinheiro, à qual a NTM ficou a dever 53 mil euros por serviços prestados entre 2007 e 2009, disse ao PÚBLICO que nesse período telefonou várias vezes a Agostinho Branquinho para a Assembleia da República, onde es­te voltara a ser deputado em 2005, pedindo-lhe o dinheiro. «Respondeu-me que tinha nomeado um adminis­trador para a empresa e que já não era ele quem tratava das coisas, mas que ia falar com o administrador. Não me pagaram da e tive de ir para tribunal.»

Sem comentários:

Enviar um comentário