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domingo, 29 de dezembro de 2013

2014, CAVEAT EMPTOR

2014, CAVEAT EMPTOR

2014, o risco é do comprador. É a tradução literal do título acima e a introdução possível ao texto abaixo. 2014 será o ano do fim de muitas coisas e do princípio de outras. Mas a transição será muito lenta.


Caveat emptor. O novo ano devia aparecer-nos assim, com esta frase em latim bem visível.
O risco é do comprador, o comprador que se cuide, toma cuidado comprador.
As traduções são várias, a ideia é a mesma.
Uma ideia que não devemos de esquecer tão depressa.
Dívida. Se tudo correr bem, em Janeiro Portugal emite títulos de longo prazo. É o primeiro passo para o regresso aos mercados, Será um sucesso e ainda bem. Mas, cuidado, será um sucesso com ‘respiração boca a boca’ e, acima de tudo, um sucesso. Porque não podemos falhar.
Desgraças. A oposição vai agarrar todas as falhas e artificialidades (dívida sindicada, bancos portugueses a ajudar, etc.) de percurso. Mas, cuidado, nestas coisas nunca há saídas limpas. O regresso aos mercados é um processo político. E o regresso será uma vitória política.
Sucessos. O Governo vai cantar vitória só porque a bola vai a caminho da baliza. Vão chover estatísticas, indicadores, variações homólogas e em cadeia. Uma vez mais, cuidado, O ‘truque’ estatístico da mensagem de Natal do primeiro-ministro vais ser muito usado. Mas atenção, que a oposição faz o mesmo truque ao contrário.
Promessas. Faz parte da política. Sempre que se aproxima o fim de um ciclo, as promessas brotam do chão e caem do céu. Tenham cuidado, o fim do resgate garante soberania e restaura o orgulho. Mas deixa-nos entregues a nós próprios e sem financiamento garantido. É assunto que a oposição faz por esquecer e que o Governo (ou parte dele) começa a tentar esquecer;
Eleições. Em França ou no Reino Unido os antieuropeístas podem vencer. Por cá, não se espera nada disso. Mas a alta abstenção, o voto de protesto, o desgaste do ‘centrão’ e algumas novidades vão agitar as águas. O PS deve ganhar e o Governo (lista conjunta PSD-CDS) tem um teste de fogo. Cuidado com os resultados. Um parlamento em Bruxelas com antieuropeístas em quantidade será um problema grave para os países sob resgate e para o futuro da Europa.
Economia. Vamos oscilar entre a euforia do crescimento e a depressão dos números dramáticos. A verdade andará entre uns e outros. Há uma nova economia que surge. Mas a velha ainda está de rastos e o lastro de destruição é enorme.
Saída da troika. Não vale a pena ir festejar para o Marquês de Pombal ou para os Aliadas. O dia seguinte será parecido e com responsabilidade acrescida.
Maioria. Aguenta até ao fim. E depois vem outro governo de maioria. Cavaco ainda se vai rir antes do fim do mandato.

RICARDO COSTA ESCREVE À 3.ª E 5.ª FEIRA

      Em www.expresso.sapo.pt

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