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quarta-feira, 4 de abril de 2018

As polémicas de Lula da Silva, do triplex no Guarujá ao livro de Sócrates

LULA DA SILVA
João de Almeida Dias
03 Abril 2018

Desde que tomou posse como Presidente em 2003, o nome de Lula esteve envolvido em vários escândalos. 
O caso Lava Jato pode levá-lo à prisão — mas há outros, onde surgem Portugal e José Sócrates.

Aos 72 anos, Luiz Inácio Lula da Silva é um nome incontornável no Brasil. 
No século XXI, nenhum outro dominou tanto a política daquele país, do qual ele foi Presidente entre 2003 e 2011 e, desde então, eminência parda da esquerda brasileira e do partido que fundou, o Partido dos Trabalhadores.

Dos tempos de Lula, o Brasil guarda a solidificação da classe média à custa da redução da pobreza e a implementação de vários programas sociais de combate às desigualdades, na habitação e na educação. 
Mas o legado não fica apenas por aí. 
Desde que entrou no poder, há 16 anos, o nome de Lula tem sido envolvido nos dois maiores escândalos de corrupção da História do Brasil. 
Primeiro o Mensalão, no qual Lula nunca chegou a ser arguido — mas cuja investigação foi reaberta em 2017, com Lula sob suspeita. 
Depois a Operação Lava Jato, onde Lula é uma das peças centrais e que já levou à sua condenação.

Esta quarta-feira, Lula está mais perto do que nunca de ser preso. 
Depois de ter sido condenado em janeiro a uma pena de prisão efetiva de 12 anos e 1 mês, Lula vai saber agora se o Supremo Tribunal de Federal aceita o seu pedido de habeas corpus. 
Recordamos os casos e polémicas em que o ex-Presidente do Brasil esteve envolvido.

1 - Mensalão, o caso que derrubou os homens de Lula sem que ele fosse tocado
À quarta tentativa, em 2002, Lula conseguiu a eleição que lhe escapava desde a década de 1980. 
Aos olhos de muitos, aquele parecia ser um tempo novo na política do Brasil, que até então nunca tinha tido como chefe de Estado um sindicalista e antigo operário que venceu as eleições graças a uma campanha de promessas de combate à pobreza e de redução da enorme fossa entre os que menos têm e os mais ricos do país.

Porém, por mais distinta que a mensagem de Lula parecesse aos ouvidos dos brasileiros, a verdade é que quando ele e o PT chegaram ao poder tiveram de se submeter às condições de sempre do jogo democrático brasileiro. 
É que, naquele país, tal como é costume vários partidos de uma área política unirem-se em torno de um candidato — como a esquerda e o centro-esquerda fizeram com Lula — também é verdade que nas eleições para as duas câmaras do Congresso (a Câmara dos Deputados e o Senado) cada um destes partidos vai a jogo por si só. 
Assim, apesar Lula ter conquistado 61,27% dos votos para ser Presidente, o PT ficou apenas com 17,7% dos votos na Câmara dos Deputados e 17% no Senado.
O ex-chefe da Casa Civil do Presidente, José Dirceu, foi condenado no caso do Mensalão e também na Operação Lava Jato 

Longe de uma maioria no Congresso, o PT teria então de garantir o apoio de deputados de outros partidos para conseguir salvaguardar a sua agenda — feito que conseguiu. 
No entanto, foi quando se descobriu que meios usou o PT e os mais próximos do Presidente para conseguir esse apoio que estalou a primeira grande polémica de Lula.

A denúncia surgiu em 2005, pela boca de Roberto Jefferson, então presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). 
Numa entrevista à Folha de S. Paulo, o líder partidário acusou o PT de pagar uma mesada de 30 mil reais (o que no câmbio da altura correspondia a 9.900 euros) a deputados de outros partidos para votarem na linha de Lula e do seu governo. 
Na entrevista que deu à Folha de S. Paulo, o próprio Roberto Jefferson utilizou a expressão pela qual o caso viria a ser mundialmente conhecido: Mensalão. 
Um esquema que, segundo o Ministério Público, terá movimentado o equivalente a 46,5 milhões de euros, à data.

Naquela entrevista, Roberto Jefferson explicou que Lula não teria conhecimento daqueles pagamentos — e contou qual foi a reação do então Presidente quando ouviu pela boca do líder do PTB o esquema de compra de votos que tinha sido montado em seu torno.

“Eu disse ao presidente: ‘Presidente, o Delúbio vai botar uma dinamite na sua cadeira. 
Ele continua dando ‘mensalão’ aos deputados”, terá dito Roberto Jefferson a Lula. 
Perante aquela afirmação, Lula terá perguntado: “Que mensalão?”. 
“Aí eu expliquei ao Presidente”, contou o então líder do PTB. 
Quando terminou, a reação de Lula terá sido de desespero. 
“O Presidente Lula chorou. 
Falou: ‘Não é possível isso’. 
E chorou.”

Na mesma entrevista, Roberto Jefferson garantiu que depois da conversa com Lula os pagamentos do Mensalão pararam. 
“Tenho certeza de que parou, por isso está essa insatisfação aí [na base parlamentar]. 
Ele meteu o pé no travão. 
Eu vi ele muito indignado”, contou o líder do PTB.

Só depois da denúncia de Roberto Jefferson ter sido publicada na Folha de S. Paulo a justiça brasileira avançou para aquele que era, à data, o maior escândalo de corrupção do Brasil.

Ao todo, foram constituídos 38 arguidos, dos quais 24 foram condenados. 
Entre estes, estavam figuras de topo do PT e do governo de Lula acusados do crime de corrupção — o ex-chefe da Casa Civil do Presidente, José Dirceu; o ex-presidente do PT José Genoino; o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares — e também deputados de outros cinco partidos: o Partido Republicano (PR), o Partido Liberal (PL), o Partido Progressista (PP), o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e o PTB, cujo líder, Robert Jefferson, também foi condenado a 7 anos de prisão em regime semi-aberto por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

No julgamento, ficou provado que, no princípio do esquema, estava Marcos Valério, empresário e publicitário que detinha vários contratos com empresas públicas. 
A justiça provou que este fazia chegar malas de dinheiro proveniente de empresas estatais e privadas a Brasília, cuja logística de distribuição pelos deputados aliciados era gerida por José Dirceu e por Delúbio Soares.

Tudo isto aconteceu em torno de Lula — mas nunca lhe tocou. 
O ex-Presidente nunca chegou a sentar-se no banco dos réus e o caso não teve repercussões políticas. 
Em 2006, um ano depois de o esquema ter sido denunciado, voltou a vencer as eleições presidenciais brasileiras. 
E em 2010, tal como em 2014, o PT voltou a sair em primeiro, com a eleição da Presidente Dilma Rousseff.

Durante todo este tempo, e mesmo após a condenação de alguns dos homens que o acompanhavam no Planalto, Lula garante que o Mensalão não existiu. 
Numa entrevista à RTP, em 2014, queixou-se de que o julgamento “teve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica” e acabou por dizer: “O que eu acho é que não houve Mensalão. 
Eu só acho que essa história vai ser recontada. 
É apenas uma questão de tempo.”

Porém, já em agosto de 2017, o caso Mensalão voltou a ser notícia — e, desta vez, com Portugal a aparecer na equação.

Um capítulo aberto na sequência de uma denúncia do publicitário Marcos Valério, em 2012. 
Este contou que, em 2005, a Portugal Telecom teria pago luvas no valor de 7 milhões de dólares norte-americanos ao partido de Lula, para facilitar a compra da Telemig, empresa de telecomunicações de Minas Gerais.

O caso foi investigado em Portugal e no Brasil. 
Em Portugal, o antigo presidente da Portugal Telecom Miguel Horta e Costa chegou a ser constituído arguido — mas acabou por ser ilibado e o caso foi arquivado, em 2015. 
No Brasil, no mesmo ano, o caso também foi arquivado.

Desde então, já houve mais desenvolvimentos. 
Em Portugal, nas investigações feitas a propósito da Operação Marquês, o Ministério Público acusa, no despacho final, o Grupo Espírito Santo (GES) e a Portugal Telecom de pagarem “pelo menos 632 mil euros” entre 2007 e 2014 a José Dirceu. 
E, no Brasil, a investigação em torno de Lula e dos 7 milhões alegadamente transferidos da Portugal Telecom para o PT foi desarquivada — e Lula voltou a ficar sob suspeita. 
Esta decisão surgiu depois de o publicitário Marcos Valério ter chegado a um acordo de delação premiada com a justiça brasileira. 
O caso está agora nas mãos de um novo juiz.

Lula não voltou a falar durante o caso depois a reabertura da investigação, além de uma pequena nota da sua assessoria de imprensa a dizer que “não há nada (…) que justifique a reabertura dessa investigação agora”.

2 - A Operação Lava Jato e o triplex que só Lula diz que não é dele
Depois do Mensalão, veio a Operação Lava Jato. 
Se o primeiro parecia ter dimensões avultadas — o Ministério Público brasileiro estima que tenha envolvido 141 milhões de reais, à altura 46,5 milhões de euros —, a Operação Lava Jato acabou por revelar dimensões gigantescas. 
Ao todo, a Polícia Federal estima que a Operação Lava Jato tenha movimentado 10 mil milhões de reais — o que, à taxa atual, equivale a quase 2,5 mil milhões de euros.

A investigação em torno da Operação Lava Jato começou em 2014 e entrou a 23 de março deste ano na 50ª fase de investigação — mas é na 24ª que o nome de Lula surge neste gigantesco esquema de subornos a governantes e deputados por parte de construtoras (como a OAS e a Odebrecht) com dinheiros desviados da petrolífera estatal Petrobras.

Neste processo, Lula foi condenado em julho de 2017 pelo juiz Sérgio Moro a 9 anos e meio pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. 
Após recurso da defesa de Lula, o ex-Presidente voltou a ser condenado e viu a pena ser-lhe aumentada para 12 anos e 1 mês de prisão, com efeito imediato. 
Porém, a defesa de Lula fez um pedido de habeas corpus junto do Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir a sua prisão antes de serem esgotados todos os recursos.

Mas, afinal, de que forma alega a justiça brasileira que Lula foi corrompido? 
Com o já famoso triplex de Guarujá.

Segundo a sentença de Sérgio Moro, que foi validada pelo tribunal de segunda instância, o apartamento triplex foi um suborno por parte da construtora OAS ao ex-Presidente. 
Este, em troca, terá garantido àquela empresa contratos com a petrolífera estatal brasileira, a Petrobras.

O suborno ficou quantificado em 2,25 milhões de reais — o que equivale, à taxa atual, a cerca de 550 mil euros. 
Do valor total, pouco mais de metade corresponde ao valor do apartamento em si. 
O restante diz respeito a obras que foram feitas no apartamento — obras essas que, defende a justiça brasileira, foram feitas a pedido do Presidente e da sua família, indiciando que estes pretendiam mudar-se para aquela apartamento em São Paulo. 
Lula reconhece que houve obras na casa — mas nega que elas tenham sido feitas à sua medida ou por ele as ter pedido.

Lula chegou a ser visto — e fotografado — a visitar o apartamento juntamente com Léo Pinheiro, então presidente da OAS. 
Ao contrário do que seria prática naquele grupo de construção, foi ele mesmo quem mostrou o apartamento ao ex-Presidente. 
Além disso, ao contrário do que seria a prática na OAS, terá sido o próprio Léo Pinheiro a supervisionar as obras que Lula terá pedido.

“Não se amplia o deck de piscina, realiza-se a demolição de um dormitório ou retira-se a sauna de um apartamento de luxo para incrementar o seu valor para público externo, mas sim para atender ao gosto de um cliente já proprietário do imóvel”, lia-se na sentença de Sérgio Moro.

Mais à frente, o texto da sentença concluía: “Parte dela [da vantagem indevida] veio a integrar a conta corrente geral de propinas [subornos, em português do Brasil] mantida entre o Grupo OAS e o Partido dos Trabalhadores, da qual foi abatido o preço do apartamento 164-A, triplex, e o custo das reformas, corporificando vantagem indevida paga ao ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.”

Em segunda instância, a defesa de Lula referiu que a sentença se baseou em afirmações “sem qualquer respaldo” que geraram uma “ficção”. 
O advogado principal de Lula, Cristiano Zanin Martins, insistiu: “Não, o triplex não é do ex-Presidente Lula. 
Todos nós sabemos que o triplex pertence e sempre pertenceu à OAS Empreendimentos. 
A propriedade, segundo a lei, é aquele que detém, que consta, no cartório do registo de imóveis. 
Também não tem a posse. 
Ficou claro pela prova dos autos que o ex-presidente jamais recebeu a chave, jamais passou um dia e jamais passou uma noite.”
Sérgio Moro, juiz responsável pela investigação a Lula na Operação Lava Jato, foi o primeiro a condená-lo. Segunda instância reforçou sentença

A explicação do advogado do ex-Presidente não chegou para convencer o trio de juízes que acabou confirmar a sentença e aumentar a pena de Lula. 
O juiz João Pedro Gebran Neto respondeu que o facto de Lula não ser o titular do apartamento não significa que ele não agia como seu proprietário de facto. 
“Efetivamente, o apartamento está registado no nome da OAS. 
A OAS figura como um simulacro do verdadeiro titular”, disse. 
Outro juiz, Leandro Paulsen, corroborou aquela ideia ao referir-se às obras feitas no triplex. 
“É de se perguntar se alguém que não seja titular de direito sobre um imóvel determine que lá se mude o local da escada? 
Que se altere o local da piscina? 
Que se instale elevador? (…) 
É de se perguntar se alguém em apartamento de outrem aprova um projeto de uma coisa de 150 mil reais e manda instalar e não pergunta o preço?”, questionou o juiz.

O desenrolar deste caso coincide com a pré-campanha para as eleições presidenciais brasileiras, cuja primeira volta está marcada para 7 de outubro, seguindo-se a segunda no dia 28 do mesmo mês.

Um dia depois da condenação de Lula na segunda instância, o PT lançou oficialmente a pré-candidatura de Lula às eleições deste ano. 
Desde essa altura, o ex-Presidente tem estado na estrada e é rara a semana em que não faz comícios para os seus apoiantes. 
Para já, numa posição de força, Lula mantém o seu estatuto como pré-candidato. 
Até porque, mesmo que seja preso, Lula pode vir a ser candidato até ser condenado em última instância.

3 - Tchau, querida
– Alô?
– Alô!

É desta forma que começa o ficheiro de áudio que mais marcou a carreira de Lula — e também de Dilma Rousseff. 
São estas as primeiras palavras das escutas a um telefonema entre os dois políticos, que foram divulgadas em março de 2016 pelo juiz Sérgio Moro, no âmbito da investigação da Operação Lava Jato.

A conversa, relativamente curta, continua da seguinte maneira.

Dilma: Lula, deixa eu te falar uma coisa.
Lula: Fala querida. Ahn.
Dilma: Seguinte, eu tô mandando o “Bessias” junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?!
Lula: Uhum. Tá bom, tá bom.
Dilma: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí.
Lula: Tá bom, eu ‘tô aqui, eu fico aguardando.
Dilma: Tá?!
Lula: Tá bom.
Dilma: Tchau.
Lula: Tchau, querida.

As leituras daquela conversa, aparentemente em código, variaram consoante quem as fazia.

O Ministério Público suspeitava que Dilma Rousseff dava ordens ao subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil (Jorge Messias, conhecido como “Bessias”) para entregar um “papel” que seria o “termo de posse” para Lula ser nomeado ministro-chefe da Casa Civil. 
Este deveria ser utilizado apenas “em caso de necessidade”, ou seja, em caso de ser formada uma acusação contra Lula, que passaria nesse caso a ter imunidade política.

A assessoria do Palácio do Planalto respondeu à polémica divulgado um “termo de posse” assinado por Lula, mas não como o Ministério Público desconfiava. 
Segundo o Governo de Dilma Rousseff, o documento em questão dizia mesmo respeito à tomada de posse de Lula como Chefe da Casa Civil. 
Porém, a menção que referia que este devia ser só usado “em caso de necessidade” dizia respeito à possibilidade de Lula não poder estar presente durante a cerimónia de tomada de posse como Chefe da Casa Civil — e não para evitar que ele fosse formalmente acusado. 
O Palácio do Planalto divulgou uma imagem do documento em questão, que estava assinado apenas por Lula.

O Governo de Dilma Rousseff acusou ainda Sérgio Moro de ter divulgado aquelas escutas “ilegalmente”. 
A defesa de Lula chegou a apresentar queixa contra Sérgio Moro e a divulgação daquelas gravações, mas a justiça deu razão ao juiz. 
O juiz Edson Fachin, juiz do Supremo Tribunal Federal, disse que a divulgação das escutas foi “indispensável”.
Em março de 2015 o juiz Sérgio Moro divulgou uma escuta polémica entre Lula e Dilma Rousseff. A conversa levou a várias manifestações contra a Presidente, alvo de um impeachment

Seja como for, certo é que a gravação causou grande polémica. 
A nomeação de Lula como ministro e Chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff foi alvo de manifestações na maioria dos estados do Brasil — e, depois de um vai-vem de decisões judiciais contrárias, foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal.

Na memória de muitos ficou ainda a expressão utilizada por Lula para se despedir da sua afilhada política: “Tchau, querida”. 
Esta acabou por ser-lhe atirada por vários opositores políticos na votação da Câmara dos Deputados que deu início ao processo de impeachment — e é, ainda hoje, uma expressão incontornável no glossário da política brasileira.

4 - Quando a Odebrecht pagou a viagem de Lula a Portugal — e quando Lula apresentou o livro de Sócrates
O ex-primeiro-ministro de Portugal José Sócrates estreou-se na publicação de livros com o título “A Confiança no Mundo – Sobre a Tortura em Democracia”. 
A capa do livro, azul escura e com um desenho simples, tinha dois nomes escritos a letras amarelas. 
Em cima, claro, o de “JOSÉ SÓCRATES”. 
E em baixo, a indicar o nome do autor do prefácio, lia-se: “LULA DA SILVA”.

No prefácio do livro, que refletia sobre o uso da tortura por estados democráticos e atuais, o ex-Presidente do Brasil escreveu: “Um ser humano pode agir de modo irracional em certos momentos de sua vida, liberando a ferocidade animal que os milénios de evolução da espécie ainda não conseguiram extirpar. 
O Estado não.”  
Mais à frente, escreve: “Acompanho inteiramente a conclusão taxativa de José Sócrates: a tortura deve ser condenada, combatida e eliminada como um mal absoluto.”

Mas o envolvimento de Lula da Silva com o livro de José Sócrates, sobre o qual surgiram suspeitas em torno da sua verdadeira autoria, não fica apenas pela escrita do prefácio — vai até à apresentação da obra.

Em outubro de 2013, Lula marcou presença a apresentação do livro de José Sócrates, em Lisboa. 
Dois anos mais tarde, foi noticiado que a construtora Odebrecht, uma das peças fundamentais da Operação Lava Jato, pagou a viagem de Lula para Portugal.
Em outubro de 2013, Lula viajou para Portugal, onde apresentou o primeiro livro de José Sócrates. A viagem foi paga pela construtora Odebrecth 

No entanto, depois de a notícia surgir, o presidente da Odebrecht Portugal, Fábio Januário, disse ao Expresso que a construtora pagou uma viagem do ex-Presidente a Portugal — mas não para que este pudesse assistir ao lançamento do livro de José Sócrates, mas sim a outro evento que aconteceu na mesma altura. “Nós trouxemos o Presidente Lula a Portugal, sim, mas foi para as comemorações dos 25 anos da Odebrecht em Portugal. 
Não teve nada a ver com o livro de Sócrates”, disse o presidente da Odebrecht em Portugal ao Expresso, acrescentando que a ida à apresentação da obra do ex-primeiro-ministro português foi da iniciativa de Lula.

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